Março 2010!!!
É um resto de toco, é um pouco sozinho,
É um caco de vidro, é a vida, é o sol,
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol.
Caingá candeia, é o matita-pereira,
É madeira de vento, tombo da ribanceira,
É o mistério profundo, é o queira ou não queira.
É a viga, é o vão, festa da cumeeira,
É a chuva chovendo, é conversa ribeira,
Das águas de março, é o fim da canseira.
Passarinho na mão, pedra de atiradeira,
É uma ave no céu, é uma ave no chão,
É um regato, é; uma fonte, é um pedaço de pão.
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho,
É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto,
É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto.
É a luz da manha, é o tijolo chegando,
É a lenha, é o dia, é o fim da picada,
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada,
É o projeto da casa, é o corpo na cama,
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama.
É um resto de mato, na luz da manhã,
São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração.
É um espinho na mão, é um corte no pé,
São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração,
É pau, é pedra, é o fim do caminho,
É um resto de toco, é um pouco sozinho.
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